segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Canta Berimbau

Canta Berimbau !
De Carlos Magno

Canta berimbau !
Faz com que eu me lembre da Bahia.
Mostra a capoeira, me pões água boca.
Fala do acarajé, do abará, xinxim de galinha,
sarapatel, do vatapá apimentado.
Hum! Chego até sentir o cheiro do azeite de dendê !. . .
E a cocada de rapadura ?
O munguzá, a pamonha. Puxa!. . .
Fala dos velhos sobradões, fala!
Fala do cais, dos becos, das ladeiras. . .
Principalmente do Pelourinho, que assistiu
tantas covardias de senhores brancos
que mandavam açoitar negros escravos.
E a feira das sete portas ?
O Mercado Modelo. . .
Fala dos bairros ricos: Barra, Vitória, Pituba,
Morro do Ipiranga. . .
Fala dos bairros pobres também: Massaranduba, Coréia,
Cosme de Faria, Uruguai. . .
É . . . Os Alagados com suas palafitas que cobrem os
caranguejos. . .
Fala desse povo bonito
que deixa o coração gingar na cadência dos tambores.
Entre belezas e sofrimentos, risos e lágrimas
fartura e fome, essa gente mestiça tem lutado muito
pra conservar as raízes da cultura negra
que é a herança mais importante desse país !
Parece até que estou vendo :
Os atabaques estão sacudindo a Bahia, seus toques
alucinantes misturam-se aos sonoros cânticos
das iaôs saudando os orixás.
Olha a lavagem do Bonfim e seus milagres !. . .
São tantas as igrejas que elevam suas torres,
insinuando encostar o azul do céu. . .
Salvador é um espetáculo de cenário
que Deus pintou de poesia.
As águas onduladas pelos ventos de Iemanjá,
enfeitaram meus olhares com a dança dos saveiros.
A cidade se embala no colo das montanhas,
deixando-se banhar pelos mares,
que desenham espumas na beira das praias.
Mas o tempo não pára. É chegada a hora de voltar.
Naturalmente que meu corpo se arrepiou todinho
e meus olhos umedeceram
quando na hora do embarque,
eu debruçado na janela do navio,
desfrutei da doce brisa que beijou-me a face
e ordenou que todos os coqueiros da Bahia
Abanassem seus franjados braços para me dizerem
adeus!. . .













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