domingo, 23 de novembro de 2008

Capim do Lago

Capim do Lago
De Carlos Magno

O vento sussurrou afago
no capim do lago
quando eu te vi.
Num céu vazio de fumaça,
encontrei a garça
e o colibri.
O bosque pareceu risonho
perfumando sonhos
com seu verdejar.
Viola minha mão harpeja
e uma voz sobeja
enfeitou luar.
Bem no fim da serenata,
do lençol da mata
alua fez divã.
Foi dormir despreocupada
com a madrugada
quase de manhã.
O vento sussurrou afago
no capim do lago
e tudo se acabou.
Ah!...Se o tempo não passasse
e ainda sussurrasse
o vento que afagou.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Tristeza Que Maria Me Deu

Tristeza que Maria me Deu
De Carlos Magno

Maria juntou a tristeza todinha
Do mundo e me deu.
Nos braços da brisa desapareceu.
Um raio de luz num relance apagou.
Vesti esperança no pranto que vi
do meu rosto rolar.

Pensei que a tristeza não fosse ficar
E ela ficou no lugar de Maria...
Ainda de tranças eu vejo Maria na imaginação.
Parece criança brincando na porta do meu coração.
E de repente quase que eu grito querendo chamar:
Maria, Maria, Maia, Maria.

O Chão

O Chão
De Carlos Magno

O chão dá se a gente plantar
Se a gente não planta, o chão não dá

Esse meu chão
Não é o chão que a gente pisa
É chão que nos moraliza
Sem briga sem ambição
Só ele tem uma cidade diferente
É a capital da mente
O chão do coração

O chão dá se a gente plantar.
Se a gente não planta, o chão não dá.

A gente planta
uma semente de alegria
e no decorrer do dia
já começa a germinar.
A planta cresce,
floresce felicidade,
dá em grande quantidade,
dá mais que peixe no mar.

O chão dá se a gente plantar.
Se a gente não planta, o chão não dá.

Plantei amor
num buraco bem profundo.
Dei amor pra todo mundo,
Inda tenho amor pra dar.
Ainda mais,
plantei um pé de esperança
que quando o vento balança
Quase arranca do lugar.

O chão dá se a gente plantar
Se a gente não planta, o chão não dá.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Canta Berimbau

Canta Berimbau !
De Carlos Magno

Canta berimbau !
Faz com que eu me lembre da Bahia.
Mostra a capoeira, me pões água boca.
Fala do acarajé, do abará, xinxim de galinha,
sarapatel, do vatapá apimentado.
Hum! Chego até sentir o cheiro do azeite de dendê !. . .
E a cocada de rapadura ?
O munguzá, a pamonha. Puxa!. . .
Fala dos velhos sobradões, fala!
Fala do cais, dos becos, das ladeiras. . .
Principalmente do Pelourinho, que assistiu
tantas covardias de senhores brancos
que mandavam açoitar negros escravos.
E a feira das sete portas ?
O Mercado Modelo. . .
Fala dos bairros ricos: Barra, Vitória, Pituba,
Morro do Ipiranga. . .
Fala dos bairros pobres também: Massaranduba, Coréia,
Cosme de Faria, Uruguai. . .
É . . . Os Alagados com suas palafitas que cobrem os
caranguejos. . .
Fala desse povo bonito
que deixa o coração gingar na cadência dos tambores.
Entre belezas e sofrimentos, risos e lágrimas
fartura e fome, essa gente mestiça tem lutado muito
pra conservar as raízes da cultura negra
que é a herança mais importante desse país !
Parece até que estou vendo :
Os atabaques estão sacudindo a Bahia, seus toques
alucinantes misturam-se aos sonoros cânticos
das iaôs saudando os orixás.
Olha a lavagem do Bonfim e seus milagres !. . .
São tantas as igrejas que elevam suas torres,
insinuando encostar o azul do céu. . .
Salvador é um espetáculo de cenário
que Deus pintou de poesia.
As águas onduladas pelos ventos de Iemanjá,
enfeitaram meus olhares com a dança dos saveiros.
A cidade se embala no colo das montanhas,
deixando-se banhar pelos mares,
que desenham espumas na beira das praias.
Mas o tempo não pára. É chegada a hora de voltar.
Naturalmente que meu corpo se arrepiou todinho
e meus olhos umedeceram
quando na hora do embarque,
eu debruçado na janela do navio,
desfrutei da doce brisa que beijou-me a face
e ordenou que todos os coqueiros da Bahia
Abanassem seus franjados braços para me dizerem
adeus!. . .













'Aprenda

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Um Sonho a Mais

Um Sonho a Mais

Mais uma vez
eu me peguei sonhando,
aqueles rápidos
momentos idos.
Revi tudo de perto
me cercando,
Iguais aos versos
Que te foram lidos,
aos olhos nos olhos
ao pé do ouvido.
Havia uma porção
de estrelas se acendendo.
E de uma flor lilás que me sorria,
Leve perfume foi se desprendendo,
Enquanto a lua cheia
Se escondia,
naquela nuvem
que ficou me vendo,
alimentar o sonho
que sonhar queria.

Imaginação

Imaginação

Poema de Carlos Magno

Eu acho que falta um pedaço
no riso, no abraço e o seu jeito de olhar.
Aquela emoção tão fremente
não é mais freqüente, mudou de lugar.
Às vezes eu sinto saudade
da felicidade que o tempo esgotou.
É como não ter de costume
aquele perfume que o frasco quebrou.
Será que eu estou sendo exato,
ou sinto de fato uma alucinação.
Melhor é esticar mais o prazo
e olhar esse caso com toda atenção.
Pensar em romper não é hora,
Justamente agora, meu senso doeu.
Se o fato não foi consumado,
o imaginado não aconteceu.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Iansã


Pintura de Carlos Magno
Iansã
Acrílica S/tela
60x50

Lavadeiras


Pintura de Carlos Magno
Lavadeiras
Acrílica S/tela
35x27

Baiana Quituteira


Pintura de Carlos Magno
Baiana Quituteira
Acrílica S/tela
40x30

Festa Junina 2

Pintura de Carlos Magno
Festa Junina 2
Acrílica S/tela
70x50


Pintura de Carlos Magno

Futebol de Várzea

Acrílica S/ tela

92x73

Pedaço do Rio



Pintura de Carlos Magno
Acrílica sobre tela
40x30

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Carlos Magno

CARLOS MAGNO


Desenvolvendo múltiplas atividades, atuando como artista plástico, músico escultor e poeta, Carlos Magno transfere para suas telas muito da musicalidade e poesia da cultura popular brasileira, trazida do rico universo dos subúrbios pobres do Rio de Janeiro onde foi criado.
Expondo a partir de 1973 em São Paulo, mostrou individualmente suas obras no Museu Nacional de Belas Artes, (Rio de Janeiro), Associação Atlética do Banco do Brasil, (Tijuca), Galeria Líquen em Assuncion do Paraguai e várias coletivas pelo Brasil.
Sendo: 22 exposições individuais, 38 coletivas e 14 salões.



Endereço do Artista
Rua dos Biólogos- Lote 05 – Quadra 15 – Jacarepaguá – Rio de Janeiro – RJ.
CEP – 22723-510 – Tel 24409075 - 91375143

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Faz de Conta

Faz de Conta

Sou um faz de conta que é feliz,
Por alguém que não me quis
Fechando a porta do amor, aí!
Meu corpo de seda se moeu.
Coração bateu batucando meu dissabor.
Os lagos do pranto transbordam a mágoa
E minhalma se enxágua num temporal de dor.
Estou mordendo um sorriso sem vontade.
As raízes da saudade
Se alastram de modo ruim.
Eu morro de pena da cena que se desenrola
e nas grades da viola
balanço versos de mim.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

VIDA QUE ME DEU A VIDA

Vida Que Me Deu A Vida
Poema de Carlos Magno

Leve feito pluma a flutuar
eu senti minhalma passear
num céu azul que fiz
do teu olhar de seda.
Um véu de nuvem branca me encostou.
Teu acalanto me tranqüilizou
e teu sorriso doce transformou-se,
num rosto liso de botão de rosa.
Teus braços começaram a me embalar.
Depois me ensinaram a caminhar
e eu fui tropeçando aí por esse mundo.
Queria tanta coisa te dizer
mas diz melhor um beijo nesta hora.
E viva a vida que me deu ávida
que me vive agora.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sonhar é Viver

Sonhar é Viver
Poema de Carlos Magno

O dia amanhece.
No verde do bosque,
o sol risca traços de luz.
O afago do vento que corre nas águas do mar
provoca um balanço nos braços das ondas
que embala meu corpo.
Eu vou pro trabalho e volto cansado.
Me deito na rede e começo a dormir.
Sonhar é viver na maior liberdade.
Na boca da noite a chuva me acorda.
O céu, de repente, se pinta de estrelas.
Vestida de prata a noite é luar.
Quem gosta de amar
se em bala ao som da canção
que rasga o silêncio e vai namorar

Raios de Luz

Raios de Luz
Poema de Carlos Magno

Me enrolo nas cordas
dos raios de luz
que saltam das pedras
que brincam nos rios
e bebo sorrisos
de estrelas e luas
que passam nas ruas
dos meus atropelos.
Dou voltas no tempo,
esbarro no acaso,
nas rosas do vaso
Descanso olhar.
Min’alma orvalhada
Chorando alegria
desfia um rosário
de amor pra te dar.

Pôxa

Pôxa
Poema de Carlos Magno

Pôxa!...
Que entardecer risonho,
o mundo bordou de sonho,
pra enfeitar esse lugar.
Veja só que nuvem flutuante!
Parece o mesmo brilhante
que acende o teu olhar.
Se uma querência bem medida,
se atirar de tua vida
pra viver em minhas mãos,
eu a apertarei assim nos dedos,
como se guardam segredos,
se não, vazam pelos vãos.
Ah! Se tua pele vaporosa
fosse pétala de rosa
e eu gota de sereno!...
Eu não perderia tal ensejo,
despejava meu desejo
em teu jardim de céu ameno.

Só-Neta

Poema de Carlos Magno


Eu coloquei teus olhos no soneto.
Acrescentei de quebra teu sorriso,
porque formou-se entre nós dois um dueto,
da minha mão e o teu rosto liso.

Foi bom eu te ver brotar aqui agora
no quase por do sol dos meus espaços.
Do tempo que me resta até eu ir embora,
quero me ver te vendo nos meus braços.

Eu pus vários brinquedos no soneto.
O urso preto, o grande e aquele franzino.
só não botei o branquinho que te espeta.

E quando chegou o ultimo terceto
eu vi que tinha um erro pequenino.
Não era um soneto e sim uma só neta.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Aconchego

Aconchego
Poema de Carlos Magno

Que bom se entre nós
Houvesse um aconchego!...
Eu poderia comparar:
Ao roçar dos galhos
Pelos arvoredos
Que tocam poemas
Na flauta dos ventos
E pintam verde
Na tela do espaço.

Que bom se entre nós
Houvesse um aconchego!...
Eu poderia comparar:
A um colar de risos
Que fabriquei
Da sucessão de nuvens
Que povoava o céu
Após a tempestade
Numa tarde rosa de verão.

Que bom se entre nós
Houvesse um aconchego!...
Eu poderia comparar:
A um novelo de espumas
Formando beiral de rendas
Que as ondas prendadas bordam
Por todo areal da praia,
Onde as esguias gaivotas
Mergulhando fisgam peixes.
Quando não remam as asas
Vagueiam plumas no ar.

Acróstico 1

Acróstico 1
Poema de Carlos Magno


Se eu tivesse o poder divino,
Um céu no chão eu forraria agora
E colocava no meu sul - real,
Luas, estrelas, o romper da aurora
Y, x etc. e tal.

Botava água limpa nos riachos
E nas roseiras, rosas e botões.
Nos teus cabelos, feito espiral
Eu enlaçava nossos corações,
Depois do x, etc. e tal.

Imaginando-me um colibri
Tocando a flor enquanto o ar golpeia,
Ou mesmo a alegria de um pardal
Deixando o corpo se esponjar na areia,
Antes do x, etc.e tal.

Remava um barco para o mar de rosas
Onde as estrelas buscam horizontes,
Cortando nuvens pelo sideral.
Hoje, amanhã, enquanto houver a fonte,
Até o x, etc. e tal.

Você Chegou

Você Chegou
Poema de Carlos Magno

O dia apareceu mais cedo.
O sol quis mostrar seus dedos
horas antes do costume.

Entre as flores mais viçosas
tinha uma penca de rosas
Despetalando perfume.

A tarde não fez por menos
vestindo o chão de sereno
Quando o dia evaporou

E um punhado de estrelas
a noite fez acendê-las
só porque você chegou.

domingo, 30 de março de 2008

Eu Gostaria Tanto...

Eu Gostaria Tanto...
Poema de Carlos Magno

Eu gostaria tanto,
de deitar minha cabeça
no teu colo,
pra voar nas asas
dos teus sonhos
e mergulhar no oceano
das tuas vontades.
Eu gostaria tanto,
de me embriagar
no cheiro do teu corpo,
de me queimar nas labaredas
dos teus lábios
e me banhar na poesia
dos teus olhos.
Eu gostaria tanto,
de te arrancar dos braços
do teu mundo
e convidar o raio
de uma estrela
para pintar azul
no chão da nossa rua.
Eu gostaria tanto,
das minhas mãos
brincando em teus cabelos,
até que o véu da noite se rasgasse
e o teu sorriso amanhecesse em mim.